Pelo tratado de Tordesilhas firmado em 1494 entre Portugal e Espanha, o território do atual Rio Grande do Sul deveria pertencer a Espanha, contudo nenhum desses países tomou para si a responsabilidade de ocupá-lo.
Apenas os missionários da Companhia de Jesus desbravaram esses rincões estabelecendo aldeamentos, sucessivamente destruídos pelos bandeirantes a procura de nativos para escraviza-los, restando apenas os denominados “Siete Pueblos”.
Em 1680 Portugal resolve tomar posse da região e funda a Colônia de Sacramento, na área hoje ocupada pelo Uruguai e a guerra pela disputa de território se torna uma ameaça constante.
Impossibilitados de atingir a Colônia por mar, os portugueses decidem fazê-lo por terra. Diversas excursões foram organizadas partindo de São Paulo. Após a fundação de Laguna por Francisco de Brito Peixoto, seu genro, João Magalhães parte com 30 homens rumo a Sacramento, deixando propositalmente alguns homens pelo caminho. Várias estâncias resultaram do estabelecimento desses pioneiros.
Magalhães chega a Barra de Rio Grande no local que ficou conhecido como Tapera dos Magalhães. A partir daí, portugueses e paulistas passaram a se deslocar pela região, seja para aprisionar indígenas, seja para prear o gado chucro resultante das Missões. Esse gado, chamado orelhano, se tornou abundante e selvagem, especialmente nos contrafortes da serra.
De início os preadores matavam os animais e aproveitavam apenas o sebo e o couro, deixando o restante como pasto para os animais carniceiros. Mais tarde, abriram caminhos para levar as manadas que conseguiam arrebanhar para São Paulo e Minas Gerais. Foi aí, nesse momento que foram criados vários locais para apresamento e até a reprodução de animais.
Em 1737 Silva Paes construiu um forte ou presídio (como se dizia na época), para alojar os 254 dragões de Minas Gerais e Rio de Janeiro que o acompanhavam. Depois de erguer alojamentos, paliçadas e trincheiras, ele mandou construir uma Capela que mandou chamar de Jesus – Maria – José, onde, a 2 de março de 1737, o padre Gerônimo Pereira, Capelão da companhia, rezou a primeira missa.
É nesse mesmo ano de 1737 que Antônio de Souza Fernando, retirante da Colônia de Sacramento, estabelece a Fazenda Sapucaia aos pés do morro do mesmo nome para onde traz a sua família. Sua estância se estendia desde o rio Gravataí até o rio dos Sinos.
Seu genro Francisco Pinto Bandeira, a exemplo do sogro, se apossa de uma faixa lindeira fundando a fazenda “Guaixinim-Sapucaia”. O local já vinha sendo utilizado para prear o gado chucro que ambos vinham apresando havia tempo, na lida de tropeiros.
A exemplo do velho patriarca, genros e filhos foram se apossando de terras lindeiras fundando diversas fazendas, dedicadas ao apresamento e reprodução do gado que seria comercializado em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
O Morro ou Cerro Sapucaia era conhecido e mencionado em vários documentos desde o ano de 1640, seja pelos Jesuítas, seja pelos bandeirantes.
TBT Sapucaia – Capítulo1 – SAPUCAIA, O PRINCÍPIO
Eni Allgayer
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Gostei de ler a primeira publicação. Ansiosa pela próxima.