Como Já vimos nos capítulos anteriores, o município de Sapucaia do Sul originou-se da Fazenda Sapucaia, também conhecida como a Fazenda do Cerro, fundada em 1737 pelo português Antônio de Souza Fernando, retirante da Colônia de Sacramento.
Portanto, o gado orelhano, arrebanhado em outras regiões, foi a mola propulsora de sua ocupação. E, por séculos, essa foi a principal riqueza da região.
Nesse tempo, para povoar as fazendas, os tropeiros preavam o gado bravio que se criava selvagem pelos campos, remanescente das manadas dos padres jesuítas e suas missões, destruídas pelos bandeirantes em torno de 1640. Isso foi só o início, pois logo o gado procriava nas próprias fazendas.
A densificação populacional da região propiciou mercado para o gado antes conduzido para o centro do país. A linha férrea foi um dos principais fomentos para a instalação de matadouros no território de Sapucaia, para atender os moradores das vilas adjacentes e, especialmente da Capital.
Os oito matadouros de Sapucaia abasteciam toda a região. Pela manhã vagões especiais transportavam a carne que seria distribuída logo após o abate. Vale lembrar que naquela época ainda não havia refrigeração e celeridade era necessária para evitar desperdícios. A considerar ainda que a linha dos trens começou a funcionar em 1874 e Sapucaia recebeu a segunda estação construída no Estado, antes mesmo da estação de Porto Alegre.
No centro funcionou o Matadouro Modelo, em área de cerca de 6 hectares, que iniciou as atividades a partir de 1905. Um dos proprietários era o senhor Pedro Baldino, outro o filho Luiz Salatino Baldino. A casa da família ficava junto ao matadouro e foi usada posteriormente pela Brigada Militar, Secretaria de Educação e Casa de Cultura. Esse imóvel ficava na atual rua Maceió. Esse matadouro deixou de funcionar durante a Segunda Guerra, em função de medidas governamentais. Outros estabelecimentos também foram atingidos por essas medidas.
Antônio Aniseto de Oliveira conhecido por todos como “Seu Sete”, em parceria com Joaquim Marques e Carlos Mallmann, fundou um matadouro em 1967, que funcionou inicialmente na Vila Silva e depois em terras adquiridas da Família Machado. Nessa área foi construído um prédio para o matadouro assim como mangueiras para o gado. O “Seu Sete” encarregou-se da gestão do empreendimento, que passou a ser conhecido como “Matadouro do Sete”. Nome este, estendido ao vilarejo que cresceu ao redor, hoje chamado bairro Sete.
Nesse tempo funcionavam ainda outros matadouros, como o da Subsistência do Exército, nos altos do Bairro São José, que iniciou suas atividades em 13/07/1949. Alguns empreendimentos chegaram a ter ramais ferroviários que eram carregados com a carne e outros derivados dentro dos próprios matadouros.
O interessante era que o trem trazia o gado e levava a carne. Era comum ver as tropas desembarcando na estação, sendo levadas pelas ruas até os currais, de onde saiam direto para o abate.
O Matadouro da Subsistência fornecia gratuitamente carne e ossos para a sopa servida nas escolas. O Grupo Escolar São José (hoje Érico Veríssimo) era um dos beneficiados e na minha infância a sopa era feita e servida pela Dona Maria, a nossa merendeira.
As atividades dos matadouros eram fiscalizadas pela Prefeitura de São Leopoldo, que nomeava fiscais exclusivos para acompanhar os estabelecimentos de Sapucaia. Essa função tinha grande representatividade política no Distrito. Em 1936 o fiscal dos matadouros de Sapucaia era o cidadão Darcy Camboim Dias, em seguida foi o cidadão Martins José Marins; em 07/04/1937 foi nomeado o Capitão Arancibio Correa dos Reis.
Em 1959, além do Matadouro da Subsistência do Exército ainda funcionavam os matadouros de Dinarte B.de Mattos, Irmãos Endler & Cia Ltda. E Marchantaria Cardoso Ltda.
TBT Sapucaia – Capítulo 7 – OS MATADOUROS
Eni Allgayer
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